sábado, 23 de julho de 2016

33 anos – 22 de julho de 1983



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

A comemoração do meu segundo aniversário de formatura foi o mais emblemático e inesquecível. Um colega liga – o único da turma que ainda estava na cidade – e me convida para comemorarmos o nosso segundo ano de colação de grau em Engenharia Civil pela UFSM. Era uma tarde relativamente fria de um julho há muitos anos – 1985.
Resolvemos tomar uma cerveja ali no Trevicenter. Era um supermercado onde há pouco tempo funcionava o Nacional em frente à antiga sede da Cesma. Logo à esquerda, próxima a entrada, havia uma lanchonete, era o local aonde iríamos comemorar nosso segundo aninho como engenheiros.
A nossa intenção inicial era tomar duas cervejas e consumir duas torradas. E ainda comentamos com a moça que nos atendia que estávamos comemorando aniversário de formatura.
– Aqui? – foi a pergunta com cara de espanto.
– Pois, né, não tá fácil pra ninguém – e o assunto encerrou naquele momento.
Não sei por que cargas d’água, mas resolvemos contar a grana que dispúnhamos. Percebemos com ar de melancolia que o que tínhamos dava para duas cervejas e uma torrada.
Então, resolvemos chamar a atendente para comunicar que partisse uma torrada ao meio, pois não tínhamos dinheiro suficiente. A Maura, eu nunca esqueci o nome dela, foi muito simpática e gentil. Falou que a segunda torrada era por conta da casa, para a nossa comemoração ficar completa. E nos desejou feliz aniversário e sucesso na profissão.
Hoje eu lembrei essa pequena história, mas muito marcante na minha trajetória de vida, porque o início de uma carreira sempre é difícil.
Nesse dia 22 de julho de 2016 comemoro os meus 33 anos de graduação em Engenharia Civil na nossa querida UFSM. E fico imaginando como o tempo passa ligeiro.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Hospedagem no Rio olímpico



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

As minhas malas estão, praticamente, prontas, as modalidades escolhidas e os ingressos comprados. Pretendo assistir alguns jogos nas olimpíadas, uma oportunidade única, pois se houver outra olimpíada no Rio de Janeiro, já estarei em outra dimensão. Por enquanto vamos acompanhando os noticiários acerca da segurança e da Zica, os maiores adversários do Brasil nesses jogos olímpicos.
Mas as surpresas podem acontecer antes mesmo do desembarque no Galeão e de trafegar pela Linha Vermelha ou Amarela. Nessa semana recebi uma ligação – muito estranha – do hotel onde reservei as oito diárias no Rio de Janeiro. Perguntou, o atendente, se eu desejava cancelar a minha hospedagem no período das Olimpíadas.
Como assim, cancelar? Respondi que não tinha intenção de cancelar, afirmei que já estava de malas prontas tudo organizado – férias marcadas com muita antecedência – para viajar e não entendia essa solicitação do hotel.
O rapaz insistiu dizendo que várias pessoas estavam cancelando as reservas.
– O senhor sebe como é, né. O povo anda meio receoso – falou com um timbre grave de voz. Algo assustador. A impressão que eu tinha era que o recepcionista estava bem perturbado.
Continuei afirmando que minhas reservas eram titularíssimas. Nada me atrapalharia a hospedagem. Eu iria ao Rio assistir aos jogos olímpicos.
Mas o carioca era insistente.
– Bueno, senhor, todos os hóspedes estão cancelando as reservas e nós estamos sugerindo que o senhor faça o mesmo. [Tudo bem, o carioca não disse bueno, é por minha conta].
– O senhor poderia me dizer qual o motivo de tantos cancelamentos, justamente no período mais concorrido?
– É que nesse hotel estará hospedada a delegação da França... eu, inclusive estou cumprindo aviso prévio e vou deitar o cabelo.
– Mermão, cancela.