terça-feira, 23 de agosto de 2016

Valdivia X Neymar



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Tinha um amigo na juventude que era muito bom jogador de futebol. O cara era disparado o melhor dos nossos craques das peladas. O lado que ele jogava sempre vencia. Foi incentivado a fazer um teste na dupla Gre-Nal. Se a memória não falha acho que foi no Grêmio. Não passou. Não jogou nada na oportunidade que teve.
– A camiseta pesou – explicou na volta.
Nos últimos dois dias tivemos duas situações semelhantes, mas com grandezas diferentes. O pênalti que Neymar bateu valia a medalha de ouro. O pênalti que Valdívia bateu valia o fim da zica no Inter. O desfecho nós sabemos.
Aqui entra a reflexão. O peso de uma camiseta. A encruzilhada de uma decisão. O momento em que nos deparamos par decidir ou executar uma tarefa e a razão e a emoção entram numa disputa ferrenha e nos desconcertam. É a carga na vida dos mortais, o peso de uma decisão. Como encaramos os desafios e as dificuldades?
O Neymar pode ser criticado pelas suas atitudes, modus vivendi e, inclusive, modus operandi [rsrs], mas o que ele faz, ele faz como poucos. E é por isso que arrasta milhões de pessoas e dólares e é admirado.
A carga foi muito pesada para o Valdivia e para meu amigo da juventude. No momento de decisão eles falharam. Na encruzilhada que definiria suas vidas eles vacilaram. Havia um peso nos ombros que eles não suportaram.
Assim é a vida. Repleta de decisões com erros e acertos. Só que a superação é para poucos, aliás, sobre isso as olimpíadas do Rio deixaram inúmeros exemplos. Em determinadas situações uns nasceram para serem protagonistas. Outros apreciadores, mas cientes que as falhas acontecem em qualquer situação. A diferença é como saímos delas.
O meu amigo da juventude não sei por onda anda. O Valdívia deverá dar a volta por cima. O Neymar continuará assombrando dentro – e fora – de campo.
Eu? Na arquibancada até quando o que eu faço seja valorizado pelas multidões e me encha de dólares.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Engenhão – Rio 2016



Athos Ronaldo Miralha da Cunha

No campo do Engenhão jogavam pela fase de grupos nas Olimpíadas Argentina contra Argélia. No Beira-Rio pelo Brasileirão o Inter enfrentava o Fluminense.
Nas arquibancadas uma multidão de camisas amarelas e muitas camisas argentinas. Os Hermanos eram minoria, mas barulhentos. Camisas de clubes um predomínio dos clubes cariocas: Flamengo, Botafogo e algum Fluminense. Na arquibancada superior nós contribuímos com duas camisetas e uma bandeira do Internacional. Presença colorada gaúcha no estádio olímpico Nilton Santos. Logo em seguida entra uma família, todos devidamente vestidos com camisetas do Internacional, o casal e os dois filhos. Fizemos um sinal de positivo. Afinal, oito colorados naquela tarde de 07.08.2016 era muito representativa, praticamente uma invasão.
Num momento de silêncio da torcida um tricolor, umas dez fileiras abaixo, levanta e grita.
– Fluzão dois a zero.
A repercussão do grito foi mínima, apenas um solitário torcedor bem a nossa direita falou algo ininteligível. Pensei em soltar um uuuuuuuuuuuu, mas me contive. Eu não tinha uma Camisa 12 para me defender.
Mas logo em seguida descobri, ao sintonizar numa rádio carioca, que na realidade era “Fluzão um a zero” o gol havia sido anulado e o torcedor estava inconformado. Nós, os colorados, sorrimos. O Internacional resistia!
A partir daquele momento fiquei com os olhos no jogo da Argentina e ouvidos no jogo do Beira-Rio.
No final da partida no Engenhão [um belo e confortável estádio] os castelhanos fizeram festa e foi aquela gritaria estádio afora. O resultado de empate heroico do colorado no Beira-Rio derrubaria o Falcão.
A família de colorados saiu mais cedo, fizeram uma selfie com o campo ao fundo, deram um adeusinho simpático e eu paguei R$ 13,00 por uma latinha de cerveja para comemorar.
Comemorar o que mesmo?



ps
[Os gaúchos são bairristas, mas no tempo que ouvi parte do jogo o narrador falou que a arbitragem, no brasileirão, estava prejudicando os clubes cariocas e citou todos os clubes. E xingou a comissão de arbitragem com palavras que não ouvimos nas nossas rádios locais. Duas constatações: o Sacha havia sido substituído, mas pelo narrador estava em campo ele via Sacha em outro jogador. E Nico Lopes era Nico dias].