terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O legado da copa

Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Eu não sei quais são os critérios para quantificar com quantos estádios se faz uma copa do mundo.
Mas a sensação que tenho que a copa de 2014 com doze estádios foi demais. O legado era um grande apelo para angariar apoios. Muito se discutiu sobre esse legado e muito ainda será debatido.
Sabemos, e é público e notório, que a gastança foi desmedida. Principalmente no que tange às arenas. A mim, salta aos olhos dois mastodontes construídos em locais de pouca tradição futebolística. Um descalabro. Mas a política não mede esforços nos agrados. Então, temos uma arena na Amazônia e outra no Pantanal. E ficamos nos perguntando: e depois?
Eu apostaria em várias arenas para ver qual delas estaria às moscas após a copa. Mas o Maracanã seria a minha última aposta. Como explicarmos que o maior palco do futebol brasileiro está jogado às traças. O Maracanã está abandonado. O templo do futebol, palco de memoráveis decisões e final de duas copas do mundo está com as portas fechadas. Eu gostaria de saber onde estão os políticos que, num canetaço, liberaram verbas a rodo para construir e reformar arenas e estádios. O Maracanã custou 1,2 bilhões. Esses mesmos gestores públicos deveriam vistoriar suas obras e ver o estado desse propalado legado da copa.
Uma nação que constrói estádios ao invés de hospitais – não se faz uma copa construindo hospitais – e pretende construir presídios ao invés de escolas está fadado ao subdesenvolvimento. IDH é coisa de gente que não tem o que fazer.
Eram poucos os indignados com a farra das arenas e, ao que tudo indica, serão poucos os indignados com as obras de mais presídios.
A nossa indignação tem que ser contra o sistema. Contra a malversação do dinheiro público, seja o agente daqui ou de lá. A indignação seletiva, apenas acirra os ânimos e não resolve e agrava os problemas.
Se com a mesma facilidade que foram construídos alguns elefantes – brancos, pardos e marrons – para abrigar meia dúzia de jogos, construíssemos hospitais e escolas, em uma geração teríamos um outro país. Mas é aí que reside o problema: um outro país. Um povo mais consciente não é o desejo da classe política. Alguns interesses seriam feridos.
Mas vamos em frente sabe se lá se não achamos um destino social para as arenas do Pantanal, da Amazônia e para o Maracanã. Logicamente, com mais investimentos públicos.
Ah! Quem sabe um enorme presídio na Amazônia. A Globo já deu a dica, recentemente, com uma minissérie.   


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